sábado, 29 de outubro de 2011

Citação.

"Desejei captar toda a beleza com que me deparasse e, por fim, esse desejo foi satisfeito."

_Julia Margaret Cameron



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Simplicidade

A linguagem com que as fotografias são geralmente avaliadas é extremamente pobre.
Por vezes é parasitaria do vocabulário da pintura: composição, luz, etc.
Com maior frequência consiste nos juízos mais vagos, como quando as fotografias são elogiadas por serem subtis, ou interessantes, ou vigorosas, ou complexas, ou simples, ou ilusoriamente simples,
Esta pobreza de linguagem não é fortuita: digamos que se deve à ausência de uma rica tradição de critica fotográfica. É algo de inerente à própria fotografia sempre que é entendida como uma arte.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O realismo fotográfico

O realismo fotográfico pode ser definido, e é-o cada
vez mais, não como o que existe «realmente»
mas como o que eu «realmente» percebo


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Lágrima de Preta" (António Gedeão)

Lágrima de Preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima para analisar.


Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.


Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.


Ensaiei a frio ,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:


nem sinais de negro
nem vestígios de ódio,
água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão)



terça-feira, 18 de outubro de 2011

Diane Arbus

"Acredito, realmente, que há coisas que ninguém veria se eu não as tivesse fotografado."
DIANE ARBUS

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"Status Quo"

Fotografar é ter interesse pelas coisas tal como estão,pela manutenção do Status quo (pelo menos tempo necessário para que se consiga uma «boa» imagem), é ser cúmplice daquilo que torna um assunto interessante, digno de ser fotografado, incluindo, se for caso disso, a dor ou o infortúnio alheios.
Fotografar pessoas é violá-las, vendo-as como elas nunca se vêem, conhecendo-as como elas nunca se poderão conhecer, é transformá-las em objectos que podem ser possuidos simbolicamente. Assim como a câmara é uma sublimação da arma, fotografar alguém é um assassínio sublimado, um assassínio suave, digno de uma época triste e assustada



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Costumes e épocas.

Podemos estabelecer como regra que, para se compreender uma fotografia, um fotógrafo ou um grupo de fotógrafos é necessário considerar-se rigorosamente o estado geral do espírito e dos costumes do tempo a que pertenceram. Nele se encontra a explicação última; nele reside a causa primitiva que determina tudo o mais. Verdade, esta, que a experiência confirma; efectivamente, se se percorrem as principais épocas da história da Fotografia, vê-se que as fotografias aparecem e, depois desaparecem ao mesmo tempo que certos estados de espírito e certos costumes a que estão ligadas.

Foto: Filmes "O Pai Tirano" (1941) de António Lopes Ribeiro_ Na foto Teresa Gomes

Joana Fernandes (2011) wearing, Vintage clothes from Geraldine- Lisboa
Photo art by José Garnacho
Make up and styling by Diogo Andrade



sábado, 8 de outubro de 2011

Conversas com Kafka

"Na primavera de 1921, foram instaladas em Praga, duas máquinas fotográficas, recentemente inventadas no estrangeiro, que reproduziam seis, dez ou mais exposições da mesma pessoa numa só impressão.
Quando levei a Kafka essa série de fotografias disse-lhe despreocupadamente:
« Por duas coroas podemos deixar-nos fotografar de todos os ângulos. Este aparelho é um conhece-te a ti mesmo mecânico.»
_«Um desconhece-te a ti mesmo, quer você dizer», respondeu Kafka, com um leve sorriso.
_ O que é que quer dizer? - protestei. A Câmara não mente!
_ Quem lhe disse isso?_ Kafka inclinou a cabeça sobre o ombro._ a fotografia leva o olhar a concentrar-se no superficial. Por essa razão torna incompreensível a vida oculta que se vislumbra pelos contornos das coisas como um jogo de luz e sombra. Ninguém pode captar isso nem mesmo com as objectivas mais rigorosas. Têm que ser procurando lentamente pelo sentimento(...). Esta câmara automática não multiplica os olhos do homem, limita-se a possibilitar uma visão de mosca fantasticamente simplificada.»

_ De Conversas com Kafka, de Gustav Janouch


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O feio da natureza no belo da arte.

A fotografia, nos tempos modernos, alargou incomparavelmente mais os seus limites.
A sua acção, segundo se diz abarca toda a natureza visível, em que beleza não ocupa mais do que uma pequena parte; a verdade e a expressão constituem a sua primeira lei, e, assim como artista o fotografo, deve subordiná-la ao seu plano geral, em procura-la mais do que o permitam a verdade e a expressão. Basta que, para a verdade e a expressão, o feio da natureza se transforme no belo da arte.